Lacrimejar
Volto sempre aqui para dizer babuzeiras...como esta. As nossas lágrimas deviam ter cores diferentes. Cores, sabores, texturas, pesos diferentes. As lágrimas que caem quando o nosso melhor amigo vai para o Brasil são as mesmas que caem quando nos lembramos da nossa infância. São as mesmas que caem quando nos lembramos da nossa primeira namorada, do nosso primeiro trabalho. São as mesmas da saudade, as mesmas do entender, as mesmas do sofrer. São as mesmas. Sempre as mesmas lágrimas. As mesmas que caem quando nos lembramos dos passeios que dávamos com os nossos pais, com os dois; são as mesmas de quando pensamos naquela pessoa de quem gostámos durante tanto tempo e ela não nos ligou nenhuma. São as mesmas do "já não te via há tanto tempo" e do "ainda bem que aqui estás". São as mesmas do adeus. Mas só nós, que as choramos, é que sabemos o que cada uma delas - lágrima - quer dizer. A lágrima podia ser tanta coisa. Podia ter cores e ser guardada em frasquinhos. Podia ser muito mais que o espelho de um sentimento. Que um sinal. Que uma assinatura. Podia ter cor. Mas aí deixaria de ter toda a sua poesia. Até já.